sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O preço da liberdade

Por Luiz Eduardo Silva Parreira

Para muitos brasileiros a Independência do Brasil, cuja data se comemora todo dia 07 de setembro, foi algo que se resumiu ao grito do Ipiranga pronunciado por Dom Pedro I: “Independência ou morte”! Na verdade, não foi bem assim. O Brasil independente teve de lutar contra quatro grandes desafios, que, caso não tivessem sido vencidos, certamente o seu contorno hoje seria bem diferente.

O primeiro deles: os movimentos separatistas que eclodiram em certas regiões do país que preferiram permanecer ligadas à Metrópole e dela tinham recebido reforços militares para manterem sua posição contra as forças brasileiras. O plano da Coroa portuguesa era continuar senhora das ricas províncias do Nordeste, que exigira grande esforço para mantê-las, no passado, e agora lhe rendiam muito dinheiro. Esses sangrentos combates são historicamente denominados de Guerras para Consolidação da Independência.

Portugal era um Estado orgulhoso. Ainda possuidor de um vasto império colonial espalhado pelo globo, não costumava receber uma agressão sem revidar. Quando da vinda da família real para o Brasil por conta da invasão francesa, logo que chegou ao Rio de Janeiro o rei português não titubeou e ordenou a invasão de Caiena, principal cidade da França na América do Sul, em 1809, permanecendo até 1817! Por certo, não entregaria a sua principal colônia sem luta.

O primeiro combate entre tropas brasileiras e portuguesas ocorreu na Bahia, ainda em 1822, ano da proclamação da independência. Após sangrentos choques, os brasileiros cercam os portugueses em Salvador, de onde tentam fugir para a Europa. Durante essas manobras, cinco de seus navios são presos e o restante escoltado até Lisboa pela Marinha Imperial do Brasil. As tropas do Exército Imperial brasileiro tomam a cidade em 02 de julho de 1823, data até hoje comemorada pelos baianos.

No Piauí ocorreu a batalha de Jenipapo, em 13 de março de 1823, vencida pelos portugueses, mas à la Pirro, o que fez com que o exército português preferisse concentrar suas forças na defesa do Maranhão, na época uma das mais ricas províncias do Brasil.

As forças brasileiras se tornavam cada vez mais experientes e numerosas. Os baluartes lusitanos caiam um a um! Em 28 de julho de 1823, São Luís capitula, ameaçada de ser bombardeada pelos canhões da esquadra do Brasil. Meses depois, outras duas investidas navais, reforçadas por forças terrestres, subjugaram o Pará e a Cisplatina (hoje Uruguai), incorporando-as definitivamente ao território brasileiro.

Outras revoltas ocorreriam ainda durante o século XIX, mas a consolidação já era uma realidade ao final de 1823. A partir de 1824, o Brasil passa a buscar a solução dos outros desafios: o seu reconhecimento internacional, o pagamento de indenização à Coroa portuguesa e a reestruturação político-administrativa do país.

Os Estados Unidos da América (EUA) são os primeiros a reconhecerem oficialmente o Brasil como um Estado independente, em maio de 1824. O segundo foi a Inglaterra, nesse mesmo ano. Mas a Coroa britânica, conforme o historiador Boris Fausto, primeiramente o fez em caráter informal, apenas para garantir a ordem na antiga colônia enquanto mediava o reconhecimento português. Em agosto de 1825, Portugal reconhece a independência do Brasil após assinatura de um tratado que comprometia o Império brasileiro a pagar-lhe uma indenização de dois milhões de libras. O Brasil não tinha esse dinheiro, o que o obrigou a contrair empréstimo junto aos mediadores ingleses, que também passam a reconhecê-lo oficialmente. No ano seguinte, a França, os Estados Pontifícios e demais países europeus reconhecem a independência politico-administrativa brasileira em relação a Portugal.

Processo não menos complexo que os desafios já escritos, a elaboração da Constituição do Brasil independente iniciou-se em 1822. Tinha a responsabilidade de dar as referências legais do novo país, meio pelo qual apaziguaria os ânimos mediante a segurança jurídica que imporia à sociedade – nacional e internacional – conforme fosse sendo empregada. Em 1823, o Imperador Dom Pedro I, notando que os debates parlamentares levariam a uma carta totalmente diferente daquela que ele vislumbrava, dissolve a Assembleia Constituinte e outorga a nossa primeira Carta Magna, em 25 de março de 1824, excessivamente centralista. Esse gesto autoritário culminou na eclosão de revoltas federalistas e republicanas, como a Confederação do Equador, que atingiu Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Para abafar esse movimento, foi necessário o deslocamento de tropas de diversas partes do país. Isso enfraqueceu a posição brasileira na Cisplatina que aproveita a situação e inicia seu movimento de independência contra os brasileiros em 1825, obtendo-a, em 1828, em meio a um tenso jogo diplomático, o Brasil bloqueando os portos de Buenos Aires e Montevidéu e a França, o do Rio de Janeiro.

Há quase 200 anos o sopro liberal que varreu o continente Americano desde a Independência dos EUA, em 1776, atinge o Brasil em 1822, por meio da iniciativa de Dom Pedro I. Entre o grito do Ipiranga até o efetivo reconhecimento do país como um novo Estado independente, muitos acontecimentos ceifaram vidas e exigiram sacrifícios de toda sorte. Como se viu, a nossa independência político-administrativa não se resumiu ao retumbante brado ouvido pelas margens plácidas do Ipiranga. Mas ele, sem sombra de dúvidas, resume o zeitgeist que envolveu os brasileiros naquele momento e que convenceu todo aquele que pretendeu impedi-lo: [...] ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil.


domingo, 5 de setembro de 2010

Atenção: voto não tem preço, tem consequência.

Por Luiz Eduardo Silva Parreira

O escritor Alan Wykes, no seu livro Goebbels, repete a afirmação do jornalista Joachim Fest: “o nacional-socialismo era propaganda disfarçada em ideologia”. Explica que a meteórica escalada do nazismo (abreviação de nacional-socialismo) se deveu a uma feroz investida midiática, por meio da criação de todas as formas de êxtase, que “levaram a população alemã ao estado irracional, no qual as palavras do Führer eram absorvidas como verdades fundamentais”.


Esse modo de agir contrário ao julgamento preclaro foi definido por Wykes como MESMERISMO, termo cunhado pelo médico alemão Franz Anton Mesmer (1734-1815). No sentido da análise do comportamento dos alemães naquela época, significava algo como hipnotismo, encanto inexplicável e fora do comum. Qualquer eventual opositor ao partido nazista sabia que teria de trabalhar pesadamente para quebrar a atração mesmeriana que permitia Hitler pronunciar barbaridades, como a perseguição aos judeus, sem que recebesse a menor censura e, ao mesmo tempo, convertia toda acusação contra ele em mera especulação.


Muitos segmentos da sociedade se uniram contra esse mesmerismo: igrejas, jornalistas, advogados, partidos políticos, mas em vão. Os nazistas sempre estavam um passo à frente deles e, utilizando a tática de cavilação descarada das informações, conseguiram disseminar a falácia de o partido nazista era uma unanimidade. Usaram para isso as pesquisas estatísticas que são, na visão do estadista inglês Benjamin Disraeli (1804-1881), uma das mentiras. Para Disraeli havia as mentiras, as mentiras deslavadas e as estatísticas.


Enquanto os demais partidos brincavam de disputar eleições, os nazistas perseguiam sua meta de atingir o poder. Por fim, em 1933, o filósofo Oswald Spengler (1880-1936), no seu livro A hora da Decisão, resume: “a tomada do poder pelos nazistas não foi nenhum triunfo, pois faltavam oponentes”. Na ausência de uma oposição forte e preparada para contra-atacar uma incessante máquina de propaganda, capitaneada por Joseph Goebbels, os nazistas pularam de 12 para 107 cadeiras no parlamento alemão, em 1930; e, para 230, dois anos mais tarde. Essa maioria legislativa eleva Hitler a Chanceler e, posteriormente, a Führer; elabora leis segundo a teleologia nacional-socialista (como as conhecidas Leis de Nuremberg) e permite a consolidação de um dos Estados mais autoritários do Século XX.


Acostumada à ausência de vozes dissonantes, a Alemanha nazista rasga tratados internacionais e assume uma política externa irresponsável e aventureira, que culmina no maior conflito que o homem já participou – a Segunda Guerra Mundial –, culpada pela perda incalculável de vidas e materiais em todo o planeta – inclusive brasileiras – cujos efeitos e consequências ainda se sentem até hoje.


Esse paralelo histórico com a Alemanha das décadas de 20 e 30 passou despercebido pela oposição brasileira, que hoje tenta assumir a Presidência do Brasil. Similaridades fáticas não faltaram.


Não reagiram nem mesmo depois de atingidos pela “onda vermelha”, termo cunhado pelo próprio PT, em Fortaleza, mas que hoje pode ser empregado em todo Brasil: o prestígio pessoal do presidente Lula que impulsiona os seus candidatos aos píncaros das pesquisas, a começar por Dilma Rousseff. A um mês das eleições, o IBOPE divulga dados cuja interpretação aponta que de cada 3 eleitores, 2 vão votar na ex-guerrilheira comunista. Muitos deles, não por conta do seu programa político à la PNH-3 nem por causa de outros compromissos de campanha, mas só e só, porque ela é a candidata do Lula. Dilma pode se dar ao luxo de evitar debates a esta altura da campanha e de proferir discursos contraditórios sobre temas polêmicos como aborto, cotas raciais, casamento gay e MST, mudando sua opinião de acordo com o ânimo ou origem da plateia, com toda traquilidade, sem medo de perder um ponto percentual sequer nas pesquisas. Tudo efeito do campo de força emanado do mesmerismo à gauche de Lula.


A oposição, perdida, trata Dilma como Aquiles, mas não se lembra de atingir seu ponto fraco: a formação do futuro Congresso Nacional. Se a meta número um do PT é fazer dela Presidenta da República (como ela já divulgou de como quer ser qualificada), a número dois é renovar o Legislativo, principalmente o Senado. Lula declarou que mais vale hoje um senador do que três governadores! Para tanto, disse em Valparaíso que o seu partido vai fazer a campanha “pegar fogo”. Já em Recife, o presidente afirmou que em se obtendo a maioria do Congresso Nacional, será criado um “organismo forte”, para que “nunca mais a gente possa permitir que um presidente sofra o que eu sofri”.


Mesmo com declarações claras como essas, em alguns Estados, ao invés de se reforçar as dobradinhas para que os seus Senadores sejam eleitos, o que se nota é o descaso da oposição quando diante da implosão de algumas de suas chapas, que acusam seus partidos de abandono. Noutro momento, até já se publicou na imprensa que candidatos aliados a Serra, por exemplo, dizem aos eleitores: “tudo bem que você vote na candidata do Lula. Mas não deixe de votar em mim”. Atitude que o Sociólogo Demétrio Magnoli acusa de oligarquismo regional: o que importa agora é se eleger. Se alguém coligado vier junto, ótimo, mas meu esforço é para minha campanha.


A atual situação não era para causar tanta surpresa. O PT, ao contrário dos demais partidos, sempre seguiu a risca sua cartilha. Se mudava de comportamento, era para continuar o mesmo. Nos últimos 21 anos de disputa presidencial formou sua militância, doutrinou-a e a cada eleição ocupava mais posições. E pensava longe, literalmente. Havia pontos do país que só se sabia que era Brasil porque lá estava instalada uma agência do Banco do Brasil, um quartel do Exército Brasileiro e um diretório do PT. Mas isso não explica o magnetismo de Lula; aliás, como todo mesmerismo, um mistério. Contudo, esclarece porque em todo território nacional sua voz ecoa: o PT preparou há anos esse momento e ergueu cada tijolo, pacientemente.


Não era da mesma maneira um caso perdido, como se provou com as últimas eleições chilenas, vencidas pela oposição que não se intimidou com a altíssima aprovação da ex-Presidente Michele Bachelet. E ainda assim os pretendentes oposicionistas à Presidência da República do Brasil não fizeram a lição de casa nem se motivaram. Agora no último minuto buscam convencer que fazem o que podem diante da avalanche Dilma. Negativo!


Dilma não era unanimidade e a eleição poderia ter tido um ar de disputa - coisa que hoje ela definitivamente não tem – se seus opositores tivessem promovido reuniões, encontros, seminários, cruzadas. Concentrados todos os esforços para que se municiassem de dados, táticas e estratégias.


Definitivamente, a oposição não usa tudo o que têm nas mãos. Passaram a acreditar nas estatísticas, se contaminaram pelo mesmerismo lulista; nos Estados, se enfraqueceram e as coligações foram praticamente esquecidas. Seus candidatos, sem alternativa, preocupam-se agora só com os mandatos que disputam.


Henry Ford certa vez disse, quanto a buscar objetivos, que pelo caminho “há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”. O PT nunca desistiu, nem mesmo quando foi ferido gravemente no escândalo do Mensalão. E diante de uma organização dessas, a oposição optou por agir como Neville Chanberlain (1869-1940), quando deveria ter agido como Winston Churchill (1874-1965).


As eleições no Brasil de 2010, se Dilma ganhar, será como a Alemã de 1933: sem triunfo, por que não existiram oponentes. Mas e daí? O triunfo aqui é mero detalhe, já que o objetivo foi alcançado.


Entretanto, o espírito Republicano, a alma Democrática, a crença no Pluripartidarismo, as asas da Liberdade e a tolerância Cristã gritam a todo pulmão que não existe eleição ganha até o fim do pleito. E que votar só com base em pesquisas é burrice, como demonstra a história. Se a campanha da oposição não é feita de acordo com o que se esperava dela, mesmo assim, seus eleitores não devem abandonar suas convicções e se deixarem envolver só pelo encanto. Devem pensar, refletir e depositar seus votos naqueles que ab imo corde acreditam. Atenção: voto não tem preço, tem consequência.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Onde estão nossos pracinhas?

Por Luiz Eduardo Silva Parreira

Em 1º de setembro de 1939, a Alemanha Nazista invadiu a Polônia: começava a SEGUNDA GUERRA MUNDIAL.

Durante os primeiros anos de guerra, o EIXO (Alemanha, Itália, Japão) e os ALIADOS (Império Britânico, França, Estados Unidos da América e União Soviética) buscavam seduzir outros países para apoiá-los, seja politicamente, seja militarmente.

Neste ínterim, numa atitude covarde, os comandantes da Kriegsmarine (Marinha de Guerra da Alemanha nazista) e da Regia Marina (Marinha de Guerra da Itália fascista) ordenaram que seus submarinos iniciassem uma campanha de afundamentos de qualquer tipo de navio, em qualquer parte do mundo, suspeito de estar transportando materiais de interesse militar de seus inimigos.

Essa ação chegou à costa do Brasil, do continente Americano e águas do Atlântico sul e resultou no afundamento de 37 de nossos navios de transporte de carga e de passageiros (não eram navios da Marinha de Guerra!), ceifando a vida de mais de 2.000 brasileiros, entre crianças, mulheres e homens. Seus nomes estão escritos no Monumento Nacional aos Mortos na Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Lamentavelmente, até hoje a falácia plantada pela esquerda de que alguns desses afundamentos teriam sido feitos pelos Estados Unidos da América, insiste em aparecer em alguma notícia ou aula de história. Contudo, não há motivos para esse dado incorreto prosperar, já que no pós-guerra, Alemanha e Itália reconheceram todos eles como feitos por seus submarinos.

Desses registros, tem-se quanto à nossa costa: ALEMÃES: (o U é de unterseeboot , submarino em alemão) U-507, afundou o Baependi, o Araraquara, o Aníbal Benevolo, o Itagiba, o Arará, o Jacira, o Hammarem, o Oakbank, o Baron Dechmont e o Yorkwood; U-590, afundou o Pelotaslóide; U-128, afundou o Adelfotis e o Teesbank; U-513, afundou o Veneza, o Tutoia, o Eliuhu B. Washburn, o Richard Cosewell; U-662, afundou três barcos sem identificação; U-199, afundou o Charles W. Pesle, o Henzada e o Changri-la; U-598, afundou dois barcos sem identificação; U-161, afundou o Ripley, o Sant Usk e o Itapagé; U-591, afundou cinco barcos sem identificação; U-164, afundou o Bragaland; U-432, afundou o Buarque e o Olinda; U-155, afundou o Arabutan e o Piave; U-94, afundou o Cayrú; U-162, afundou o Parnahyba; U-502, afundou o Gonçalves Dias; U-156, afundou o Alegrete; U-159, afundou o Paracuri e um navio não identificado; U-203, afundou o Pedrinhas; U-66, afundou o Tamandaré e o Barbacena; U-514, afundou o Osório; U-516, afundou o Antonico; U-504, afundou o Porto Alegre; U-163, afundou o Apolóide; U-518, afundou o Brasillóide; U-185, afundou o Bagé; U-161, afundou o Itapagé e o Cisne Branco; U-170, afundou o Campos; U-861, afundou o Vital de Oliveira. ITALIANOS: sottomarino Da Vinci, afundou o Cabedello; Barbarigo, afundou o Afonso Pena, o Comandante Lyra, o Chalbury, o Monte Igueldo e o Stag Hound; Calvi, afundou o Backis, o Bem Brush, o Eugene V. R. Thayer e o Stavanca Calcuta; Tazzoli, afundou o Dona Aurora, o Empire Hawk e o Ombilim. Os dados do submarino italiano Arquimede não foram recuperados.

Com efeito, os afundamentos enfureceram a opinião pública brasileira, que exigiu uma atitude do governo. Assim, em 22 de agosto de 1942 o Brasil reconheceu Estado de Beligerância com a Itália e a Alemanha.

Meses depois, criou-se a FEB (Força Expedicionária Brasileira), que lutou no Teatro de Operações Italiano. O seus soldados foram carinhosamente denominados de pracinhas.

A Segunda Guerra Mundial chega ao então sul do Mato Grosso indiviso em 1943, quando o 9º Batalhão de Engenharia (9º BEC), de AQUIDAUANA, foi designado para constituir o Batalhão de Engenharia de Combate da FEB.

De nada adianta ter um exército se ele não tem como ir até às linhas inimigas para dar combate ou fazer chegar às suas, armas, munições, alimentos e assistência médica. E era essa a missão do 9º BEC: abrir estradas, arrumá-las, levantar pontes, retirar e desmontar minas terrestres!

Foi o Batalhão aquidauanense, através da 1ª Companhia de Engenharia, sob o comando do Capitão Floriano Möller, a PRIMEIRA tropa brasileira a entrar em contato com o inimigo em solo europeu!

Ainda em 1943, de LADÁRIO partiu o monitor Parnaíba, com destino a Salvador, na Bahia! Iniciando viagem pelo Rio Paraguai, chegou ao Oceano Atlântico e atingiu a capital soteropolitana com missão de escoltar navios aliados e patrulhar o porto, em razão da enorme atividade submarina na área. O “Jaú do Pantanal”, como é conhecido, ficou no Nordeste até o final da guerra, retornando em seguida para seguir patrulhando os rios pantaneiros, como faz até hoje.

Também a FAB (Força Aérea Brasileira) combateu na Segunda Guerra Mundial. Seu 1º Grupo de Caça, o “Senta a Púa!”, lutou bravamente. Um de seus pilotos, o Tenente-Aviador Oldegard Sapucaia, era irmão do Coronel Orlando Sapucaia, que mais tarde seria homenageado com a escolha de seu nome para nominar um Município de Mato Grosso do Sul: CORONEL SAPUCAIA.

A Força Expedicionária Brasileira não era constituída de super-homens. Ao reverso. A FEB é maior quanto mais humano for seu soldado, com seus erros e defeitos, valores e virtudes. E a despeito de toda espécie de adversidade, cumpriu sua missão, sendo, inclusive, no fim da guerra (mesmo lutando com 1 Divisão, enquanto os EUA lutavam com 69, na Itália), convidada pelos Aliados para integrar as tropas de ocupação na Áustria, coisa que recusou,  por questões políticas.

Ao todo, 679 pracinhas mato-grossenses – inclusive índios terena e nipo-descendentes – lutaram nos campos e montanhas da Itália. O mais graduado deles era o General-de-Brigada corumbaense, Euclides Zenóbio da Costa, responsável pela organização da Polícia do Exército (PE).

Muitos desses ex-combatentes ainda estão vivos e caminham por nossas ruas, comem chipa em alguma padaria, passeiam com seus bisnetos nas praças ou dançam na sede da Associação dos Veteranos da FEB.Vale a pena conversar com eles. Ainda mais pela certeza de que somos a última geração que terá o prazer de conhecer um personagem vivo dessa parte de nossa história.

Publicado no jornal A Crítica, de Campo Grande, em 05 de agosto de 2010.

Porque o Irã não pode ter a bomba atômica?

Por Luiz Eduardo Silva Parreira


Simples, porque ele vai repassar essa tecnologia para grupos islâmicos radicais, que buscam há anos o acesso a algum artefato atômico, para chantagem ou ação terrorista. E como se tem certeza disso? Porque o atual Irã - nascido da Revolução Xiita Iraniana, liderada pelo aiatolá Ruhollah Khomeini (1900-1989) -, desde a queda do Xá Reza Pahlevi, em 1979, vem apoiando com abrigo, treinamento, armas, logística ou dinheiro, vários desses grupos mundo a fora.


Mas e qual a diferença do Irã com outros países - como o Paquistão - que em parte e veladamente, faz o mesmo? Há uma enorme diferença: esses países não têm uma política expansionista religiosa como o Irã. Faz parte da estratégia de Estado do governo de Teerã levar o islamismo xiita aos quatro cantos do mundo. E faz isso desde que Khomeini assumiu e continuada pelo seu sucessor, aiatolá Ali Khamenei.


Importante lembrar que o Irã é uma República teocrática. As decisões governamentais passam pelo crivo religioso, de maneira que sempre se verá nas suas políticas de Estado o ideal da umma (conjunto de todos os muçulmanos), imposição da charia (a lei islâmica), libertar os territórios muçulmanos dos infiéis e expandir o islamismo xiita.


Segundo diversas fontes, inclusive a prestigiada Jane's Defence Weekly (periódico especializado em assuntos de Defesa) e o Departamento de Estado americano, o Irã já repassou ao Hamas mais de 30 milhões de dólares entre 1993 e 2009, além de ter financiado viagens de 1.000 milicianos, via Síria, para treinarem em seu território técnicas de manuseio em bombas e foguetes, guerrilha e tiro de precisão; ao Hezbollah, repassou mais de 500 milhões de dólares, treinou mais de 4.500 terroristas, financiou a compra de foguetes Katyusha, mísseis terra-ar e anti-tanque; no Iraque, apoia insurgentes iraquianos, lhes enviando cerca de 3 milhões de dólares mensais e treinando seus membros para ataques naquele país. Com alguns mebros capturados dos grupos Shia e Sunni, foram encontrados materiais de procedência iraniana; Jihad Islâmico palestino, enviou em 2006 – para combaterem a ofensiva israelense – quase 2 milhões de dólares; Frente Popular para a Libertação da Palestina, ministrou treinamento para seus milicianos; Taliban, o Irã providenciou o envio de foguetes, explosivos C-4, morteiros de 107mm, armas e mísseis terra-ar.


O apoio não se restringe apenas ao Oriente Médio. Na Europa, enviou para o IRA, da Irlanda, em 1994, um carregamento de armas, drogas e dinheiro, que foi interceptado pela inteligência britânica, assim como, disponibilizou armas para os combatentes muçulmanos da Bosnia-Herzegovina, durante a guerra civil na ex-Iugoslávia, sendo que entre 2004 e 2007, 300 combatentes das forças especiais iranianas deram suporte aos bósnios. Na América do Sul, o Irã, estaria usando capital venezuelano para criar linhas de crédito para suas ações de suporte a grupos terroristas e treina membros das FARC.


A maioria desses grupos ataca Israel, cujo presidente iraniano Ahmadinejad prometeu "varrer do mapa", de maneira que por questões lógicas, é contra a bomba iraniana. A primeira explosão aconteceria em Tel Aviv!


Para complicar o quadro, o Irã é vizinho da China, que recentemente passou por graves distúrbios na província de Xinjiang, habitada por 70 milhões de uiguris muçulmanos. Há diversos grupos separatistas lá e com certeza um deles ficaria muito feliz em poder possuir um artefato nuclear para pressionar Pequim. Por isso a China é contra a bomba iraniana.


A Rússia há anos trava uma luta contra rebeldes muçulmanos da Chechênia, região muito próxima do Irã. Esses militantes são responsáveis por diversas ações terroristas dentro da Federação Russa, inclusive o último, ocorrido no início de 2010, quando um atentado suicida matou 39 pessoas. A Rússia também é contra a bomba atômica iraniana porque muito pior que rebeldes explodirem o metrô de Moscou é explodirem a própria Moscou com uma arma daquelas.


A Grã-Bretanha sofreu ondas de atentados em Londres, em 2005, que deixaram os ingleses apavorados. Naquela ocasião 52 pessoas morreram em quatro explosões. Também são contra o Irã ter uma bomba atômica, porque são alvos do terrorismo islâmico.


A França declarou que combaterá duramente os militantes da rede terrorista Al Qaeda que atuam no Sahel, uma imensa área semidesértica na fronteira entre quatro países - Máli, Níger, Mauritânia e Argélia. Também não querem que o Irã os presenteie com uma explosão atômica.


Os Estados Unidos; o Irã os denominam de "grande Satã". A presença americana no Golfo e no Afeganistão, é um grave problema para os interesses expansionistas iranianos. Praticamente os EUA cercam o Irã e por conta disso, as tropas americanas sempre serão seus alvos em qualquer parte do globo. Por isso os EUA não querem que o Irã tenha a bomba.


De mais à parte, o Irã não convenceu o mundo de que seu programa é pacífico. Suas ações (apoiando grupos terroristas) e declarações vagas, como a feita em 2005 e transmitida pela agência IRNA, de que repassaria essa tecnologia para outros países árabes, indiscriminadamente, faz com que o tema seja bem mais complexo do que o romântico discurso de que as potências atômicas não querem o desenvolvimento nuclear do Irã.


Nesse quadro o Brasil não foi ingênuo, ao tentar mediar um acordo, mas sim, vítima de um cálculo muito mal feito na sua política externa de trocar a multipolaridade pela multilateralidade internacional. A ideia é excelente, mas a condução está sendo terrível!


Na cabeça de todos os governantes dos países que já se posicionaram contra a bomba iraniana, paira um alerta de Winston Churchill (1874-1965): “A incapacidade de previsão, a falta de vontade para agir quando a ação deveria ser simples e efetiva, a escassez de pensamento claro, a confusão de opiniões até o momento em que o salve-se quem puder soa o seu gongo estridente – tais são os traços que constituem a infindável repetição da História.”


Em 1981 o Iraque criou o complexo nuclear de Osiraq. Sairia dali a bomba atômica iraquiana. Seu primeiro alvo: Israel. O segundo, Teerã. Diante da demora mundial em agir e das posições nada firmes do governo de Bagdá, Israel lançou a Operação Ópera, bombardeando o complexo e enterrando os sonhos nucleares de Saddan. O Irã de hoje age muito parecido com o Iraque de ontem. Seria bom o presidente Ahmadinejad também começar a ler Churchill.


Artigo publicado no jornal A Crítica, em 09 de agosto de 2010.



quarta-feira, 4 de agosto de 2010

E o sul de Mato Grosso foi às armas!




09 de Julho é feriado em São Paulo. É quando se comemora o início da Revolução Constitucionalista de 1932. Tudo para em respeito aos que lutaram e tombaram nesse conflito, que não visava a separação de São Paulo do Brasil (como difundiu a propaganda difamatória de Getúlio Vargas), mas o contrário. Irrompeu‐se a luta armada buscando uma nova Constituição para o país, para tirá‐lo do atraso, da insegurança jurídica e do despotismo federal pós‐Revolução de 30.

O coração bandeirante ainda bate forte, 78 anos depois, em razão dos feitos de seu povo que, em alguns pontos, antecipou os acontecimentos que ocorreriam quase dez anos depois, durante a Segunda Guerra Mundial (1939‐1945), na Grã‐Bretanha e nos Estados Unidos da América: toda a economia voltada para a guerra; mulheres substituindo os homens em tarefas industriais, pois estes estavam nos campos de batalha e o mais emocionante, a mobilização voluntária de toda a sociedade para o conflito. Em 3 dias, mais de 30.000 homens se alistaram nas fileiras paulistas!

São Paulo, em defesa da Constituição, produziu, improvisou e adaptou de tudo: granadas, capacetes, munições, morteiros e canhões. Uma imensa rede de civis auxiliava os soldados, não deixando que nada lhes faltasse, até o limite dos suprimentos, cuja escassez foi um dos motivos de os paulistas terem perdido o conflito. Senhoras cosiam meias e toucas, pois era julho, inverno. Escoteiros levavam correspondências. E é justamente um escoteiro o mais jovem soldado morto em combate na Revolução de 32, ALDO CHIORATTO, de 9 anos e meio de idade, morto durante bombardeio aéreo em Campinas.

Entretanto, poucos se lembram que não só São Paulo foi às armas. O sul do Mato Grosso também foi! Campo Grande, Bela Vista, Ponta Porã, Porto Murtinho, Ladário, Três Lagoas, Paranaíba, Coxim enviaram tropas ou foram palcos de combates nos quais até aviões foram utilizados em ataques às tropas adversárias.

Alguns historiadores chegam a citar mais de 3.000 homens envolvidos diretamente nas lutas no território do Estado de Maracaju, nome adotado pelo sul do Mato Grosso durante o conflito. Era o sonho divisionista que se concretizava por via das armas e que durou enquanto duraram suas munições: três meses.

E justamente por conta da necessidade de abastecimento; em virtude de o porto de Santos ter sido bloqueado por navios de guerra leais a Vargas, é que restou como a única alternativa paulista de abastecimento e escoamento a utilização da antiga rota de suprimentos das terras localizadas no centro da América do Sul: Rio Paraguai ‐ Rio Paraná ‐ Estuário do Prata ‐ Oceano Atlântico, cujo principal ponto logístico possível de controle pelos constitucionalistas era a cidade de Porto Murtinho.

Para lá se dirigiu a famosa Coluna de Bronze, formada por constitucionalistas do sul do Mato Grosso, que utilizaram dois canhões de montanha franceses Schneider, de 75mm. Como parte do suporte paulista ao avanço de seus aliados mato‐grossenes para tomar a cidade, enviou‐se um caça Curtiss Falcon, que atacou as tropas federais nos arredores de Porto Murtinho. Dias antes, os paulistas já haviam bombardeado a Base Naval de Ladário, com o mesmo tipo de aeronave.

As tropas legalistas, com mais de 1.200 combatentes, contra‐atacavam os constitucionalitas da Coluna de Bronze com pesado fogo dos canhões e morteiros do Monitor Fluvial Pernambuco. Segundo cronistas da época, como Umberto Puiggari, a batalha por Porto Murtinho a adjacências deixou mais de 300 mortos e a cidade parcialmente destruída.

Já as forças que combateram em Três Lagoas e Paranaíba, conseguiram impedir que reforços do norte do Mato Grosso e Goiás cercassem as forças bandeirantes. J. Barbosa Rodrigues comenta que ali também os combates foram ferozes.

E em território paulista, no teatro conhecido como Frente Sul, forças do Batalhão Taunay, de Campo Grande e do 11º Regimento de Cavalaria, de Ponta Porã, lutaram para impedir que tropas vindas do sul do país entrassem em São Paulo.

Com efeito, 09 de Julho é uma data que também afetou a vida dos habitantes das terras hoje sul‐mato‐grossenses. Segundo o ex‐Governador de Mato Grosso do Sul, Wilson Barbosa Martins, o clima na cidade de Campo Grande era de empolgação. Os professores iam dar aulas de farda e capacete. Mais de 800 homens se apresentaram para alistamento num único dia.

Os combatentes do sul do Mato Grosso eram em sua maioria, soldados-cidadãos: homens comuns, de diversas profissões. Havia brasileiros e paraguaios; descendentes de japoneses, libaneses e alemães; índios, negros, brancos, pardos. Foi a nossa pequena guerra mundial, onde todos os povos que aqui moravam pegaram em armas para a defesa da legalidade.


Como lembra Puiggari, a insegurança jurídica no sertão sul do Mato Grosso era tamanha que até juízes eram intimidados com os famosos “saltos”: sua transferência de comarca quando incomodava algum apadrinhado do governo getulista.

Mas a superioridade numérica governista era evidente e depois de três meses de combates, São Paulo capitulou. No início de outubro de 1932, os paulistas cessaram fogo ... mas o sul do Mato Grosso não. Aqui a luta durou até o fim daquele mês, quando a cidade de Bela Vista se entregou ao Tenente‐Coronel Francisco Gil Castelo‐Branco.

E diferente de São Paulo, lamentavelmente em Mato Grosso do Sul, especialmente em Campo Grande, pouca coisa existe hoje que lembre estes feitos. Daquela época ainda estão de pé (e não se sabe até quando) o prédio do Quartel‐General, na Avenida Afonso Pena, de onde partiram as primeiras ordens do General‐de‐Brigada Bertholdo Klinger, Comandante Militar do Movimento; a loja Maçônica da Avenida Calógeras, que sediou o Governo do Estado de Maracaju, tendo como Governador o Dr. Vespasiano Martins; o canhão Schneider de 75mm na frente do 2º/9º BSup, que acompanhou a Coluna de Bronze; o quartel do 18ºBLog, que sediou o 18º BC, cujos soldados lutaram bravamente em diversas frentes. Será que tais monumentos não mereceriam ao menos uma placa indicativa? Fazendo justiça ao prédio maçônico, ali há uma, colocada por iniciativa própria da entidade. Mas e nos demais pontos?

Enfim, mais um 09 de Julho em São Paulo, quando os paulistas honram seus combatentes‐cidadãos. Mais um 09 de Julho em Campo Grande, que parece fazer questão de esquecer sua história de pouco mais de 100 anos, por descaso.

Publicado no jornal Correio do Estado, 09 de julho de 2010.

sábado, 8 de maio de 2010

Capitanismo ou atuação gramsciana no Exército?

Por Luiz Eduardo Silva Parreira

Para quem ainda tinha esperanças de que a AMAN estava descontaminada pelo "verme do militar melancia" (aquele que é verde por fora, mas vermelho (comunista) por dentro); para aqueles que ainda sonhavam que a doutrinação do Exército Brasileiro (EB, hoje deveras fraca, diga-se de passagem) esclareceria suas fileiras; aos que ainda supunham que as Forças Armadas saberiam conter o inimigo socialista, eu sinto muito, mas ESTÁ TUDO DOMINADO.

Há alguns meses o serviço secreto colombiano informou que havia bolivarianos infiltrados na Força Aérea Brasileira. De que as FARC-EP tinham gente sua dentro da FAB (http://www.alertatotal.net/2009/02/coronel-colombiano-denuncia-infiltracao.html).

Agora isso: Da coluna do Cláudio Humberto

“Pró-Dilma
Alvo da ira de militares por apoiar em seu blog a candidata petista Dilma Rousseff, o capitão do Exército Luís Fernando Ribeiro, 32 anos, será investigado pelo Ministério Público Militar, por suposto "crime militar". No blog, ele aparece abraçado a Tarso Genro, candidato petista ao Governo gaúcho. Ribeiro é pré-candidato a deputado federal pelo PT e alega "perseguição política". Ironiza: "Vou pedir asilo político ao Lula."

Novas ideias
O capitão Luís Fernando Ribeiro diz que a sindicância dele, iniciada em 2009, "foi arbitrária". Ele defende o ingresso de gays no Exército.

Continuidade
O milico petista diz que apoia Dilma pela "manutenção da estratégia de Defesa" de Lula e condena os "radicais" que rejeitam a ex-guerrilheira.”

O blog do elemento: http://capitaofernando.blogspot.com/2010/04/capitao-afirma-que-democracia-pode.html

Denominaram o movimento de capitanismo (evolução do tenentismo?). Só ai já se vê que a coisa tem base filosófica, pois não é algo "no ar", há um nome, mote, herói, líder, a seguir, a buscar, a se filiar ... E digo mais, pelo que sinto do EB, ele não está preparado para segurar esse movimento. Vai chover ações de indenização que o farrá arriar e ai é o fim mesmo. Comandantes vão ficar com medo de se manifestarem, pois sabem que a força os vai abandonar quando precisarem (pois já faz isso. Olha o pessoal de 64 levando no lombo sozinhos ...).

E a culpa de tudo isso é do próprio Exército, que não instrui melhor seus quadros.

Vai ser a oportunidade de verificarmos se o EB aprendeu alguma coisa com a revolução de 64 e de como lidar com esse tipo de ameaça: usar o judiciário e a máquina administrativo-disciplinar quando alguém desrespeitar seus códigos e a Constituição.


Tem de envolver a AGU, seu corpo jurídico, esclarecer os fatos e embasar seus atos: pronto, acabou o movimento. O silêncio e a ocultação só o alimentam.

Mais um dado sobre o capitanismo: fonte: http://militarlegal.blogspot.com/2008/12/o-capitanismo-sob-ataque.html

"GENERAL RESPONSÁVEL PELAS TRANSFERÊNCIAS DOS MILITARES CANDIDATOS PODE TER QUE PAGAR DO SEU BOLSO R$ 3.600.000,00, POR ESTE ATO ILEGAL.

O Ministério Público Federal (MPF) e entidades de Direitos Humanos estão investigando suposto ato ilegal, com desvio de finalidade, do Exmo Sr Diretor de Cadastro e Movimentações (DCEM) do Exército.Em outubro do corrente ano, cerca de 60 militares da ativa do Exército foram candidatos à cargo eletivo, e quando por ocasião de sua reversão ao serviço ativo às suas Organizações Militares (OM) de origem esses militares foram sumariamente transferidos cada um para um canto do País, pela DCEM, órgão ligado ao Departamento Geral do Pessoal (DGP).

O Capitão Luís Fernando Ribeiro de Sousa(capitaoluisfernando@gmail.com), um dos líderes do Movimento Capitanismo, denunciou essa manobra, um ato maculado de ilegalidade ao MPF, em Porto Alegre - RS e, ainda vem promovendo várias medidas judiciais e políticas para reverter essa tentativa de desarticulação política dos militares.

O objetivo dessas transferências é bem claro : dasarticular as bases políticas dos próximos candidatos a deputado federal, uma vez que essa é a próxima intenção dos líderes do Movimento Capitanismo : lançar "um cara por Estado" à deputado federal em 2010.

Conservadores e não adeptos à onda democrática, alguns militares ligados por conceitos ideológico à época da Ditadura Militar resistem como podem no sentido de frear o curso natural do rio.Um exemplo disso ocorreu no 19 o Batalhão de Infantaria Motorizado (19o BIMtz), com sede em São Leopoldo-RS, quando o seu comandante, TC Hegel impediu o advogado (Dr Vilmar Quizzepe) de um sargento que acabara de ser preso de se comunicar com seu cliente. Não obstante a não aceitar que não haja mais presos incomunicáveis em nosso País, o Sr TC Hegel ainda reuniu os oficiais e disse-lhes que não era para cumprir qualquer decisão judicial nesse sentido, caso o oficial de justiça viesse com algum Salvo Conduto.

Outro fato marcou a tentativa de frear o impulso democrático que toma força nas Forças Militares Brasileiras, quando pessoalmente e reforçado por 03 (três) sargentos especialistas, compareceu no AGGC, OM onde serve o Capitão Luís Fernando(FOTO), nada menos que o responsável pela Contra-Inteligência do EB, o Sr TC Farah, do Centro de Inteligência do Exército (CIE), exatamente 2 dias após as denúncias formais do referido capitão ao MPF.

Medidas de contra-inteligência foram rapidamente tomadas para frear a divulgação que hoje se tormam públicas, em especial uma medida muito parecida a já tomada na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), em 2007, quando o referido capitão lá era aluno: o de restringir o acesso a internet a servidores do Arsenal de Guerra de General Câmara (AGGC).

As transferências sumárias ilegais dos militares-candidatos, com desvio de finalidade, estão sendo acompanhadas pelo MPF, por uma Comissão de Deputados Federais e por entidades de Direitos Humanos para que este caso não tenha consequências pessoais ao cidadão que fez essa denúncia, tentando transformá-lo como "indigno para o oficialato", ou que "promoveu desgaste à imagem da força" e por consequência levá-lo a um Conselho de Justificação e sua exclusão do serviço ativo.

Foi aberto e subtamente revogado pelo Diretor do AGGC, TC Clóvis Eduardo Godoy Ilha, um FATD (Formulário de Apuração de Transgressão Disciplinar) contra o Capitão Luís Fernando e em seguida aberta uma sindicância pelo Exmo Sr General Comandante da 3a Região Militar, eivada de ilegalidade, pois o referido oficial não é nem sindicado, nem sindicante, nem testemunha desse procedimento administrativo , que tem a finalidade de apurar tais denúncias".

É ver e esperar. Um "cara por estado" ... e eles afirmam que vão defender quem? O interesse dos militares? Claaaro ...


Creio que esses capitães andaram assistindo "Capitães de Abril" demais. O que também serve de alerta, porque aqueles capitães é que executaram a Revolução dos Cravos, mas ao final, entregaram o poder a quem realmente podia mandar. Ou seja, tem "peixe grande" nesse lago. 

Existiu um paraíso socialista na Europa?

Por Luiz Eduardo Silva Parreira


De se rememorar que a questão do esfacelamento do bloco vermelho ocorreu porque a Hungria abriu suas fronteiras para o Ocidente. Vinha gente de Vladivostok para comprar sorvete e calça jeans no Ocidente. E isso foi em 1989. Se nesse ano, atrás da cortina de ferro, se escondia tudo quanto é tipo de sujeira e se falsificava todo tipo de dado (até 1991, os casos de AIDS oficialmente reconhecidos pelo governo soviético eram ínfimos e os infectados, claro, "tinham vindo do ocidente"), imagine no pós-guerra e na década de 50? Aquilo era “stone age”, pois além de terem de reconstruir o que a guerra já tinha destruído, ainda o era sob o julgo soviético, “doce e amável”.

O pensamento materialista-positivista soviético esqueceu-se da natureza humana, aquele “senso de irracionalidade” capaz de ignorar o mais poderoso e claro pensamento racional. E o que mais o espírito humano busca é a liberdade, justamente o preço que o comunismo cobra para que possa implantar seu Estado edênico.


No filme “Adeus, Lenin”, nota-se perfeitamente uma Alemanha Oriental com nível de vida muito bom, as pessoas com dinheiro, mas ... faltava um “detalhe”. O filme, inteligentemente, mostra como o dinheiro não significava muita coisa na economia socialista real, quando o filho chega para aliviar a dor da mãe moribunda e diz: Mamãe, fomos agraciados com o carro que compramos! E ela responde: nossa, foi rápido, né!? Só três anos esperando!!! (não nessas palavras, mas nesse sentido). Não era sarcasmo. Ela realmente estava impressionada com a "rapidez" da entrega!


Mas esse mesmo Estado que “dá tudo ao seu povo”, fazia visitas nada amistosas àqueles que tinham parentes que viajavam demais para o exterior. Além de cercar o país todo, literalmente, porque para o governante vermelho, o povo é uma criança que precisa de cuidados e por isso proíbe tudo que se relacione ao exterior, já que não o controla.


Viviam como se no Brasil de hoje: um “líder” amado pelas massas sem nunca ter feito nada de concreto que não o assistencialismo banzé; dentro das fronteiras era passado como se tudo fosse um mar de rosas, com o mundo afundando e o país na crista da onda; os índices de melhora de vida eram apresentados como todos elevadíssimos nos papéis, mas ao se virar o rosto e encarar a realidade, o dado não batia com o dia-a-dia; mesmo havendo vozes destoantes, falar alto e claro contra o partido era quase um pecado (e muito perigoso) e por ai vai. Durou 70 anos ... aqui mal começou ... e não temos uma Alemanha do lado, só "Hungrias", "Romênias", "Albânias" ... o Triste é saber que – no nosso caso - a Alemanha ... somos nós!!! E agora, José?